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Momento fanfic.


Para retomar um funcionamento normal no blog, eu resolvi postar uma coisinha sem importância que escrevi recentemente. É, na realidade, uma fanfic de Harry Potter, completamente fora de contexto. Fiz este personagem para um fórum, e até que o achei interessante (penso em aproveitá-lo para alguma história realmente minha). Espero que gostem da história dele.

Prólogo de George Harrison Karev


Quando Victor Karev conheceu-a, ele não fazia idéia de quais seriam as conseqüências daquele encontro em sua vida. Os cabelos ruivos que formavam cachos discretos foram irresistíveis, e os olhos azuis, semi-fechados, olhando-o de baixo com um sorriso encantador, hipnotizaram-no de pronto. Katherine Harrison tinha o sotaque escocês carregado, e orgulhava-se como uma menininha de seu pedaço da ilha da Grã-bretanha. Era uma “Curandeira” e havia sido transferida para Bulgária há pouquissímo tempo. Jovem, doce, sonhadora, com aquele jeito de falar meigo, mas que nem por isso se mostrava fraco. Foi irresistível, até mesmo para um Karev.

Depois de seis meses de namoro informal, eles se casaram, sem realmente conhecerem um ao outro. A lua de mel foi mais curta do que ele queria, mas ela se justificou sem medo algum “É o meu trabalho. Não importa o que diga, é aquilo que eu escolhi para a minha vida. Não vou largá-lo, Vic. Sabia disso desde o começo, não se faça de desentendido.”.

De fato, ele sabia, mas pensou que, como tantas outras senhoras Karev antes dela, abriria mão de seus desejos pessoais pela família.

Depois de um ano juntos, Katherine sentiu algo se formar dentro dela. Uma vida surgiu e se desenvolveu, e, após quase nove meses, a Sra. Katherine Harrison Karev trouxe ao mundo um pedacinho de gente, com dedos fráfeis e olhos fechados. Victor se apaixonou pela criança sem sequer pestanejar, as mãozinhas, que se tornaram rechonchudas depois que ele teve acesso ao leite materno, eram alvo de sua adoração. Diariamente o pai se sentava ao lado de sua esposa, vendo-a amamentá-lo, e fazia verdadeiros monólogos a respeito de suas ambições para o futuro do bebê. “Ele será um grande jogador de Quidditch, você vai ver! Sei que será, tem o físico de um apanhador! Leve e veloz, atento como eu era”. Katherine sorria, aquele riso materno que não precisaria de muito para se tornar uma gostosa e relaxante risada.

Quando George foi batizada, um ano e meio depois de seu nascimento, Victor exigiu que este evento se tornasse uma festa. Chamou seus irmãos, seus pais, primos, sobrinhos, tios, e algumas outras pessoas mais. Todos de alto nível social, todos puro-sangue, todos dignos de acordo com ele. Quando ele perguntou quem Katherine gostaria de chamar, ela sorriu timidamente “Apenas os meus pais”. A expressão de Victor foi de uma leve tristeza. Ele se aproximou da mulher, ajoelhando ao seu lado e segurando sua mão com carinho. “Sinto muito que não se dê muito bem com a sua família, Kate”. As sobrancelhas dela se ergueram, surpresa, mas logo a expressão se desmanchou em regojizo. “Oh, não, Vic, não se preocupe! Eu me dou muito bem com a minha família, longe de termos um relacionamento complicado. É que apenas os meus pais sabem, entende? Não poderia chamar os outros com toda a sua família aqui”. Desta vez, foi ele que mostrou um expressão de dúvida. “Apenas seus pais sabem de que...?”

“Ora essa” ela puxou a mão que ele segurava, para ajeitar George em seu colo “Apenas eles sabem que eu sou uma bruxa, Vic”.

Foi necessária meio minuto para que Victor Karev deixasse aquela informação se espalhar por seu cérebro e adquirir o nível de completo entendimento. O homem ergueu-se vagarosamente, observando a mulher que amamentava a criança. Sua mulher. Seu filho. Os passos foram duros enquanto ele se retirava no recinto sem deixar de observá-los até que atingisse o exterior do quarto. No corredor, ele virou as costas e quase correu para o escritório, fechando a porta com força e trancado-a imediatamente.

Uma onda de calor e gelo subia por suas entranhas, o coração palpitando assustado e as mãos trêmulas. Aquilo não podia ser verdade. De maneira alguma, afinal, ele era um Karev. Um Karev! Um representante de uma das mais antigas e tradicionais famílias de bruxos da Europa!

Com as mãos na cabeça, puxando os cabelos ou pressionando seu crânio, ele deu voltas. Voltas em torno de si, em torno da mesa, em torno de todo o aposento. Derrubou o que havia sobre sua mesa, incluindo uma foto na qual ele estava com George no colo, sentado na poltrona da sala, Katherine estava em pé ao seu lado com uma expressão de orgulho indisfarçável. Os livros que estavam na estante foram levados a baixo, e tudo que fosse quebrável estilhaçou no chão de madeira nobre.

“Victor” chamou a voz de Katherine, do outro lado da porta. “Vic, querido, o que foi?”. Ele encarou a estrutura de madeira que separava ele daquelas...coisas. A maçaneta girou e ela tentou abrir a porta, mas falhou, afinal esta estava trancada. “Vic, porque esta trancada? Esta passando mal? Quer que eu traga alguma coisa?”. Os olhos castanhos varreram o escritório, registrando tudo que estava caído, tudo que estava quebrado. Salvo a cadeira, a mesa e a própria estante, todo resto havia vindo abaixo. E aquilo o deixou extremamente irado.

Havia destruído suas coisas graças ao ódio, mas não eram aquelas coisas que deviam ser quebradas. E sim as que estavam atrás da porta, falando como se fossem pessoas de verdade. Eram animais, e pertenciam a ele, e haviam sido desobedientes. Mentirosos e sujos, enganando-o. E eles deveriam ser castigados.

A varinha não estava com ele, mas havia uma forma de começar o castigo, antes de ir até o seu quarto e pegá-la. Com passos ponderados, assustadoramente calmos, ele foi até a porta. Girou a chave duas vezes e a maçaneta, abrindo a porta e fazendo-a empurrar os destroços de alguns objetos estilhaçados contra ela. Katherine estava em pé há dois passos dele, os cabelos ruivos presos em uma trança que descia pelo ombro esquerdo. Sua pele branca tinha sombras criadas pela luminosidade do corredor, mas os lábios estavam naturalmente rosados, como sempre foram. Em seus braços finos estava George, a cabeça recostada em seu peito direito, as mãozinhas agarradas à roupa da mãe. Os olhos azuis e cristalinos estavam preocupados, as sobrancelhas arqueadas em angústia.

“Você estava bem? O que aconteceu? Oh, por Merlin, Victor! O que houve com o seu escritório?”. Ele não se importou em responder essas perguntas. Com a mão fechada, desferiu um soco sem piedade no rosto da mulher, cortando suas perguntas. O choque foi forte, como se supõe, e ela ficou praticamente em choque. Recuou um passo, os olhos arregalados e os braços agarrando com força George, que se assustou e começou a chorar. “Faça esse animal calar a boca” ele exigiu, recebendo como resposta o olhar incrédula da ex-senhorita Harrison. “Faça esse animal parar de chorar!” berrou. “O que...” ela começou, mas um tapa vindo dele cortou sua frase. O choro de George aumentou. “Eu mandei fazê-lo se calar!!!”.

Katherine começou a recuar, assustada, o filho grudado junto ao peito. Aquilo o irritou ainda mais. Como aquela vaca se atrevia a não obedecê-lo? Ela e aquele animal que carregava nas patas! Adiantou-se até a mulher, segurando seus pulsos com força, tentando arrancar a criança das mãos dela. Katherine berrou, exigindo que ele a largasse, mas sendo completamente ignorada. Embriagada pelo pânico, ela o mordeu com toda a força que tinha, arrancando sangue de uma das mãos do marido, que a soltou imediatamente, devido a dor. Com os pés calçados em sapatos de tecido para ficar em casa, ela correu para o quarto de George e se trancou lá dentro com ele. Trêmula e assustada, colocou-o no berço, tentando fazê-lo parar de chorar. Estava apavorada, e por isso incapaz de continuar carregado-o.

Não demorou para que Karev pegasse a varinha no quarto do casal e destrancasse a porta com um feitiço, marchando para dentro do quarto com papel de parede azul no qual fadas se moviam por todos os lados. Não fadas mordentes, mas aquelas belas e encantadoras, como as de Peter Pan. Ela virou as costas para o berço, enchendo o peito de ar em uma tentativa de se manter calma diante daquele homem, que não era mais seu marido.

“Não deveria me olhar nos olhos” ele disse, com nojo, apontando a varinha para ela “Deveria estar no chão, como uma cadela.”.

“Meça suas palavras, Victor Karev” por mais que tentasse se mostrar segura, sua voz estava vacilante, e lágrimas começavam a surgir no fundo dos seus olhos.

“Não fale comigo! Animais não falam com seus donos!” antes que ela pudesse argumentar, uma palavra foi cuspida em sua cara e tudo que ela conseguiu fazer foi berrar.

CRUCIATUS!!!” ele disse, cortando a noite e o coração de Katherine. Ela caiu no chão, a dor esmagando seus ossos e órgãos, os gritos se elevando no ar e subindo o máximo que podiam, sem espaço para respirar ou pensar.


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George abriu os olhos, o peito magro subindo e descendo em arfadas curtas demais. O suor escorria por trás dos cabelos castanhos, e ele sentiu a mão gelada. Em seus ouvidos ainda ecoava o berro de sua mãe, se tornando cada vez mais distante. Com dificuldade, ele controlou sua respiração, acalmando os murros que o coração dava no peito, e silenciando aquele eco angustiante que o despertou. O relógio de ponteiros que estava ao lado de sua cama mostrava 5h30 a.m., e isso fez com que ele torcesse a boca, bufando descontente. Fazia catorze anos desde aquela noite, no entanto aquilo ainda o atormentava muitas e muitas vezes. A psicóloga que sua mãe começou a pagar para George quanto este tinha nove anos disse que é realmente estranho ele conseguir se lembrar de alguma coisa, mas que não é tão raro que situações traumáticas como aquela fiquem marcadas no inconsciente das pessoas, mostrando-se em sonhos.

Todos os outros alunos com os quais dividia o quarto estavam dormindo, mas seu sono havia ido embora. Quando fechava os olhos o grito que ele queria silenciar voltava a ecoar, portanto ele desistiu da idéia de descansar um pouco mais. Ajeitou o travesseiro para ter onde apoiar as costas, pegou uma caixa que estava escondida embaixo de sua cama, e se sentou com ela diante de si. Era uma caixa pintada de vinho a mão, com alguns adesivos de diversos países colados por toda parte. Dentro dela havia todo tipo de coisas. Envelopes abertos com cartas já lidas, albuns de fotografia e algumas soltas, cadernos lotados até a última linha, e outros ainda em branco, papéis de carta prontos para serem usados, uma gaita, um livro muito velho infantil. Naquela caixa estavam suas lembranças, seus segredos. Todas as cartas eram respostas das que havia enviado para sua mãe no últimos cinco anos de escola. Os cadernos estavam cheios de experiências passadas, como diários. Ele havia detestado a idéia de ter que escrevê-los, mas sua psicóloga o orientou a persistir com a idéia, era uma maneira, de acordo com a sra. Charlotte, de registrar seus traumas para poder superá-los. Com as mãos calejadas de praticar o baixo, ele vasculhou os cadernos em busca do que havia começado mais recentemente. Uma pilha de sete se formou ao seu lado antes que ele encontrasse o que queria. Uma caneta de quatro cores, enviada por sua avó materna que achava as penas anti-práticas, estava presa à capa do caderno e era com ele que a letra de George Harrison ganhava forma nas folhas de linhas pretas.

“Mais uma vez, ela me acordou. O grito foi alto, como é sempre, e meus pelos estão arrepiados até agora - apesar de que talvez, neste caso, seja esse frio desgraçado que insiste em fazer nesse fim de mundo. Queria conseguir eliminar essa lembrança da cabeça, a Charlotte é uma maldita quando diz que eu tenho que aprender a lidar com essa lembrança. Honestamente, um feitiço e já era, consigo muitas noites de sono de qualidade! Nem estou pedindo que ela apague todas as lembranças ruins - como auqela vez que ele quebrou o meu braço, ou quando me fez cair escada abaixo, ou quando a mãe se jogou da janela para me pegar no ar quando eu tinha cinco anos - só queria que ESTA fosse apagada! Qual o problema nisso?”. Ele escreveu com a tinta vermelha, pois a preta e a azul haviam acabado, e a última que ele usava, sempre, era a verde. No canto do papel, ele fez um rabisco “P.S.: pedir uma caneta nova”.

Inspirou até suas costelas doerem, e em seguida deixou o ar escapar todo de uma vez. O caderno era relativamente novo, e as folhas ainda não estavam grossas e escurecidas dos lados, diferente dos outros sete que o encaravam saudosos. Ainda faltava um tempo até o momento em que eles realmente deveriam despertar para se trocar e ir tomar o café da manhã. Como fazia diversas vezes, ele pegou um dos cadernos e o abriu em uma página qualquer. Pegou o primeiro caderno que escreveu, passando os olhos pelas palavras que havia escrito quando tinha apenas nove invernos.

“A Charlotte me mandou escrever minhas lembranças. Eu achei isso muito zuado, é coisa de menina esse papo de diário. Sem contar que não tá acontecendo nada na minha vida agora, então sobre o que eu vou falar? Sei lá, sabe, não sei se quero escrever alguma coisa. Paresse tão esquisito” George balançou a cabeça quando leu o erro que havia cometido, incapaz de se conter ele rabiscou em cima “Parece, seu animal! É com ‘c’!”. “O Victor não vai aparecer mais, não depois do que aconteceu há dois meses. Tipo, eles sempre souberam que eu era bruxo -a mãe e o pai são, não tinha dúvidas- e eu ja tinha feito umas magias -tipo explodir o milho em pipoca sem fogo, o que é muito legal! Ou tocar o piano sem as mãos...- mas nunca tinha usado contra ninguém -tá, vai, mentira, eu já tinha usado pra calar a boca da professora-, só que dessa vez foi nele! Foi de noite, quando a mãe chegou do trabalho. Ele já tinha chegado há algumas horas, e eu tava meio que escondido debaixo da escada. Ele ficou muito p da vida com ela, mais do que o normal. Achou um absurdo ela voltar tão tarde, e começou a xingá-la. E a bater nela, e a mãe tentava se defender, mas, tipo, ele é homem e é bem mais forte. E eu fiquei MUITO irritado com ele. Foi meio sem querer, sabe, mas eu revoltei a casa contra ele. É! A casa! Tipo Carrie, A Estranha! O tapete e as cortinas prenderam ele, a mesa bateu nele, a lareira se acendeu só pra queimar ele. Foi muito da hora! Mas a mãe me fez parar, e ele ficou muito assustado. Bem feito, praquele fdp, pra parar de mexer com a minha mãe! Foi depois disso que eles se divorciaram e eu me mudei. Tô na Escócia agora, que é muito legal! Chove o tempo todo, e é frio, mas é melhor que a Bulgária. A mãe ta mais feliz e eu consigo durmir de noite. Ta, às vezes eu tenho uns pesadelos, mas a mãe me abraça e canta alguma música, ou me conta uma história, preu voltar a dormir.”

George fechou encarou a página, com um sorriso de certo orgulho. Claro, ele escrevia extremamente mal, com erros de gramática que agora o deixavam completamente assustado, mas a questão não era como estava escrito, e sim o que. A lembrança dele conseguindo praticamente expulsar Karev de casa era uma das quais ele mais se orgulhava, pois, no dia em que ele a Katherine conseguiram se livrar daquele monstro, que havia ameaçado-a tantas vezes caso ela tentasse escapar, ela mostrou um sorriso tão verdadeiro e vibrante, que George se sentiu igualmente feliz.

Mudando de caderno, ele encontrou uma lembrança escrita em vermelho, sozinha no meio de tudo aquilo. Houve uma época que lembranças em vermelho eram lembranças raivosas.

“Filhosdamãecanalhasdemerdaseusmalditos! Eu NÃO quero ir pra DURMSTRANG! Não me importa se Hogwarts não me enviou uma carta, não me importa que eu seja búlgaro! EU NÃO QUERO! Todo mundo sabe que se você der bons motivos, Hogwarts te aceita. Eu tenho um PUTA bom motivo pra não ir pra aquela porcaria!! Eu não quero cursar a mesma droga de escola que aquele canalha!”.

Aquela foi a primeira, e talvez única, briga que George e Katherine tiveram. Ele tinha onze anos e deveria ir para a Escola de Magia e Bruxaria Búlgara Durmstrang, que era exatamente o oposto do que ele queria. Graças as atitudes de Victor Karev, George, que respondia apenas como Harrison, havia criado uma ojeriza a tudo que vinha da Bulgária, especialmente qualquer coisa que fosse mais fortemente vinculada ao pai. Óbviamente, a escola era um dos principais alvos dessa repugnância. No final, não houve jeito, ele foi enviado para Durmstrang contra sua vontade, e agora não era exatamente um dos garotos populares do colégio. Sempre que possível, George voltava para casa, e não tinha lá muitos amigos. Ao contrário. A maior parte das pessoas que o conheciam o detestavam As garotas o olhavam com superioridade, e os garotos muitas vezes terminavam em brigas sérias com ele, o que levava-os a detenção, claro que a de George era sempre mais longa e pesada, já que ele era a causa de todos os conflitos. Ele e seu pavio curto.

Quando ele ouviu um dos seus vizinhos de cama começar a acordar, ele agarrou os cadernos e os jogou para dentro da caixa, fechando-a e colocando-a de volta embaixo da cama. Colocou os uniformes da escola, um pouco destituídos de sua aparência original, a gravata solta e a camisa para fora, e saiu do quarto, deixando os outros rapazes um pouco mais satisfeitos. Ele se sentava sozinho em um canto da mesa, sem se preocupar com o espaço que as pessoas deixavam vazio entre elas e ele, era melhor, popuava-lhe os nervos. Quando a coruja chegou com uma carta escrita em pergaminho, George sentiu que estava algo errado. A letra era a da sua mãe, caso ela estivesse com tanto frio que tremesse, mas fora escrita à pena, e isso não era costume da Srta. Harrison. A boca dele secou, os lábios se grudaram e a mandíbula tremeu. Ele PRECISAVA ir para casa.

Era a primeira vez que pediria algo para o diretor -não que tivesse muitos créditos com ele- e teria se ajoelhado e beijado seus pés jurando coisas que jamais cumpriria para que ele pudesse voltar para casa. Explicou que a mãe estava doente e que ele se comportaria por muitas e muitas semanas, que faria as tarefas dos dias que precisasse faltar, mas que ele realmente tinha a necessidade de voltar. A perspectiva de tê-lo ausente por um tempo, e a promessa de paz durante alumas várias semanas após seu retorno fizeram com que o diretor o liberasse por uma semana.

Mas George se ausentou por sete.

Quando chegou em casa, Victor estava lá e Katherine estava praticamente morimbunda. Machucada e vítima de diversas maldições, a visão despertou em George um desejo de vingança descontrolável e inútil. Atacou o adulto, ou melhor, tentou, e foi facilmente rechaçado. E amaldiçoado, como Katherine antes dele. O que os impediu de virem a falecer naquele dia é um mistério, ou um milagre. Mesmo submetendo-os a uma dor imensa, capaz de levá-los a loucura, Victor não os matou. Abandonou-os em casa, sangrando e desfalecidos, mas não os matou. Katherine foi a primeira a acordar, e contatou o hospital bruxo em que trabalhava, um parceiro escocês do St. Mungus. George ficou inconsciente por três semanas, mas precisou de outras quatro para terminar de se recuperar, física e psicologicamente. Naquele ano George destruiu sua Firebolt De Luxe e falhou em todas as provas, repetindo de ano. Ele já tinha o costume de furmar um cigarro ou outro desde os doze, mas foi naquele ano que se tornou um viciado, destruindo todos os dias pelo menos um maço de Lucky Strike Black, que conseguia comprar em caixas. No ano seguinte, quando teve que cursar o quinto ano uma vez mais, ele conseguiu muito mais detenções que o normal. Também melhorou muito a qualidade de sua música. Começara com o piano quando ainda era bem novo, mas agora tocava também a gaita, o violino, a guitarra, a flauta transversal e, melhor do que todos estes, o baixo. Estava mais recluso e mais explosivo, e não fazia questão de mudar isso.

Até hoje desperta algumas vezes com os gritos de sua mãe naquela noite crua de sua infância. Mas a maior parte das noites o que o faz acordar são os olhos dele, emoldurados pelos gritos dos Harrison.




Sei que é um post meio perdido, mas conforme recupero o ritmo, também o fazem os posts, espero que me perdoem por isso. Mostrem sua presença comentários por favor.

-Nínive Leikis.




A verdade é que eu tinha um plano de férias para o blog: iria postar duas ou três vezes por semana, falando dos filmes que eu assisti, postando pequenos contos, besteiras à toa, detalhes desinteressantes enfeitados por palavras barrocas e fotografias. Este era meu plano, pois eu costumo gastar as minhas férias com esta pequena rotina de "jovem idosa" (lendo livros, saindo para o cinema com os meus amigos, gastando horas à fio em conversa fiada em um café...). No entanto, para minha sincera surpresa (e decepção de meus leitores, eu suponho) estas férias foram atípica para mim, e comuns para os demais jovens de 18 anos.
Fui em uma balada, sai vezes demais para beber. Mal fiquei em casa nos últimos tempos, estou sempre na rua passeando com meus amigos (que incluem uma intercambista alemã extremamente simpática), o que acabou devorando o horário que deveria ser destinado ao blog. E por isso não sei se estou chateada ou contente. Por um lado, meu blog esta abandonado às traças, desatualizado e triste (emo! -q). Por outro, eu estou extremamente ativa em uma vida social considerada um pouco mais saudável pela maior parte das pessoas, e isso tem sido bastante divertido.
Portanto, cheguei à uma conclusão: toda alegria vem com uma pequena dose de dor. Ou toda pequena dose de alegria vem com dor... As proporções variam.
E, para o bem da saúde e da rotina, as férias estão chegando ao fim. E neste ano de vestibular isso significa que estou colocando meus estudos em dia, organizando minha agenda e retornando, cuidadosamente, à uma rotina mais admirável e responsável. O que isso significa? Bem, significa que volto a postar por aqui com uma freqüência mais aceitável!

Termino este post sem nada demais, sem fotos, ou textos, ou coisas do gênero, pois parece algo demasiadamente grande (ou será que estou sendo uma chata?). Mas logo logo apareço com alguma coisa, já esta marcado na agenda (risos).



-Nínive Leikis

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